sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

CULTURA EM AÇÃO

Faço, desde 2006, um programa de rádio que vai ao ar todos os domingos às 10 da manhã pela Rádio Roquette Pinto (94.1FM).

Neste domingo, dia 27 de fevereiro, meus convidados são Gisa Nogueira e Beto Saroldi. 



Da esquerda para direita: Gisa Nogueira, Beto Saroldi (em pé) e Zeca Barros

Saroldi é compositor e saxofonista, na verdade um produtor musical e multi-instrumentista, com trabalhos realizados com gente do calibre de Gilberto Gil, dentre outros ban, ban, bans.  Sua música é caracterizada por linhas melódicas bem construídas, ora próxima do easyjazz - melodias tranquilas, ora flertando com o fusion, de forte influência da costa oeste norte-americana.  Já conhecia o trabalho dele. 

A surpresa veio ao ouvir Gisa Nogueira.  Compositora próxima à tradição do samba, mas que mostrou, por exemplo, uma bela valsa no programa.  Suas letras e melodias sofisticadas me encantaram (harmonias são terceirizadas).  Ela é mãe de um grande amigo, Didu Nogueira, irmã de João Nogueira e, portanto tia do popsambastar do momento, Diogo Nogueira. Conviveu na sua infância com os amigos de seu pai, se não me engano também chamado João.  Na casa deles iam alguns dos mais importantes músicos da nossa história, gente como Pixinguinha, Donga, João da Bahiana... né mole não.

Vale dizer que esse programa marcou minha volta aos estúdios da Roquette, com Peter pilotando a engenharia de som e o reencontro com Ivan Bala e Márcia Nogueira, respectivamente diretor de programação e produtora da rádio. Obrigado também à Presidente Eliana Caruso por nos receber. Cultura em Ação tem como produtora Marlene Nunes.

Então, finalizando a postagem. Domingo, dia 27 de fevereiro, 10 horas. 94.1 FM, ou pela internet, para aqueles leitores do blog que se encontram fora do RJ. http://www.fm94.rj.gov.br/

Até a próxima.

ZK Barros

sábado, 5 de fevereiro de 2011

HISTÓRIA E CULTURA EM TERRAS E ÁGUAS PERNAMBUCANAS

Acabei de vir do nordeste.  Pernambuco.  Águas mornas e terra rica em costumes e tradições.  Costumes que ainda fazem parte da vida dos pescadores de Itamaracá, paradisíaca ilha, hoje município de Pernambuco.
A pesca ainda é uma forma de subsistência em Itamaracá

Minha família – carioca e nordestina, foi a primeira a ter uma casa de veraneio na praia de São Paulo, isso no final da década de 60.  Paraíso total. Uma casa simples, sem luz (TV e outros aparatos), água puxada pela bomba e cuja varanda terminava na areia da praia. Ao redor, apenas as casas dos pescadores,

Eu na frente da casa, no início da década de 70


Convivemos de perto com os hábitos simples, comportamento pacato, de poucas palavras e muita paciência dos nativos, que sempre demonstraram sabedoria e profundo respeito pela natureza, retirando dela apenas o necessário à sua subsistência.  Foram verdadeiras lições de educação patrimonial e ambiental. Lembro muito do silêncio quebrado apenas pelo vento nos coqueiros e pelas cirandas e outros cânticos entoados à capela pelos locais.

No barco com pescadores da ilha
Hoje Itamaracá cresceu.  Muito.  Lá, como em outros lugares, não foi possível crescer e "desenvolver" salvaguardando todas as tradições. Mas muita coisa ainda ficou de pé. Entre os monumentos mais importantes encontra-se o Forte Orange, construído pelos Holandeses no século XVII.
Uma das laterais do Forte Orange, com canhões na parte de cima

Abaixo o Forno Holandês, onde os holandeses derretiam a pedra calcária para obter a cal para misturar com o barro, obtendo uma massa usada como cimento.  Enildo e Giza, destes guerreiros da cultura que existem por aí, ergueram uma casa sobre o forno, preservando e cuidando do espaço.  Nunca receberam ajuda do Poder Público e de lambuja, segundo Giza me disse, estão sendo acusados pelas autoridades de ameaçar este patrimônio. Ah é!
A casa construída em cima do Forno

Só para complementar.  Olha o estado do outro forno, bem ao lado do anterior, que o casal não cuidou e as mesmas autoridades não tomaram conhecimento.


O outro forno, abandonado pelo descaso

Abaixo a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, na localidade conhecida como Vila Velha, área cuja ocupação data de 1516.  Os guias locais dizem que esta é a segunda igreja mais antiga do Brasil, o que não é verdade. 

A pequena e ainda imponente Igreja NS da Conceição

Segundo historiadores, a igreja só foi erguida no século XIX, sobre um forte, este sim do século XVI feito pelos ... franceses. É, não só os holandeses, mas os franceses também estiveram por lá.
No interior da bela igreja encontra-se uma imagem doada por Dona Maria I , “A Louca”.
Interior da Igreja NS da Conceição

Outras tradições, igualmente nordestinas mas ligadas à cultura do interior, agora dão o ar da sua graça nas praias da ilha, certamente atraídas pelo fluxo de turistas.  É o caso dos repentistas, que criam de improviso versos muito divertidos.
Repentistas em uma das praias de Itamaracá

Ainda bem que cultura não se resume à oferta de bens e serviços, elaboração de projetos e prestação de contas.

Brincadeira, o entardecer em Itamaracá.
Belo entardecer na praia de São Paulo, Itamaracá
Até logo.